quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Comum(nisto)

Chovia muito na capital mineira, chovia pela manhã, chovia durante a tarde e parava as vezes ao anoitecer... O trabalhador pegava seu ônibus, ou tomava seu carro. Outras pessoas gastavam talvez a metade da metade de um terço de seus salários bebendo depois de mais um expediente. Eu necessitava de sentidos, sentidos para estar observando isso tudo, sentidos por amar, sentidos por desprezar, sentido por viver questões intensas. Era nesse paradoxo que encontrava a minha alma tão repleta de sonhos, vaidades, medos defeitos e virtudes. Achava tanto...Podia quase nada. Boa noite meu amor...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um busto

Minha enorme capacidade de achar que fazia amigos.


Minha ténue certeza de que conheci e andei com pessoas péssimas.


Vomitei.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um avental sujo de lágrimas

Era já bem tarde da noite, a vodegaaa caía bem, apesar de mais um ilustríssimo colega estar indo embora... A minha noite seria em claro, trocaria a luz do sol pela brisa fria que invadiria a janela do quarto da frente e o excesso de calor pelo moleton preto. A gente ama muitas pessoas, mas um dia todas elas vão embora. Vovó Afonsa foi embora, e isso me dá uma tristeza, ela iria gostar tanto de ver a sua casa reformada... Lembro-me como se fosse hoje, os dias cortantes de inverno, nós duas sentadas no alpendre aquecendo sol- como dizia ela- até uma hora da tarde. Ela pegava em minha mão com a desculpa de aquece-la, seus dedinhos chatos, mãozinha pequena e macia apesar de tanto trabalhar, e a aliança grossa que nunca tirava desde seu casamento tão suportado. Ela foi embora, eu tinha doze anos, e na época não me dei conta de que eu estava talvez perdendo a pessoa mais bondosa que eu poderia conhecer em toda a minha vida. Não tinha defeitos, não mesmo, pelo menos nunca notei e nunca ouvi ninguém falar que ela tinha um, a não ser sua conformidade para com seu meio. Sinto falta dela, me lembro de que dormi por uns quatro anos -os últimos de sua vida- no mesmo quarto que ela, e todo dia que antecedia um dia de uma prova no colégio, ela rezava, rezava com imensa fé e pedia ao Espírito Santo que me iluminasse, e eu nunca tirei menos que nove.
Afonsa é uma das pessoas que não precisariam ter morrido. Eu sei que todo mundo um dia vai embora, seja para Santa Catarina, seja para o céu, o inferno ou o túmulo que é só.
Nasce o dia e não dura mais que um dia. Eu sempre acho que a gente é que faz o nosso tempo e a nossa memória.