sexta-feira, 13 de março de 2009

Meninas sem glamour... É isso que acontece com as Marias Madalena prendadas da vida!
Elas se desgastam nos tanques e perdem peso na beira do fogão de tanto suar, e as mãos a semana toda cheirando a alho. Isso não é pra ela, sorrateira, perspicaz e ativa, que não pára um minuto e vive andando de lá pra cá.. Justo ela que andava tanto pra ver o sol nascer, acordava as três da matina e ia até a Antena.se embriagava em um vinho de qualidade mediana, e dormia dez horas por dia. Lia Neruda como lia sua própria pena, e era o único que tinha prazer em ler em plenas férias calorosas de Janeiro, queria como uma menina de dez anos, viajar na aba de sua boina, ter visto de perto suas musas seus amores e rancores... E no fim da noite se a morte lhe visitava caía aos prantos debatendo-se no colchão de mola da tia velha solteirona. Diziam-lhe que se ela viesse a se casar com ele( ele que não é Neruda), seus filhos escreveriam aos doze anos sobre a teoria do caos. Mas o caos era pouco, o que ela queria era o vigor das samambaias, o energia do sol, e a alegria de Marília, sua amiga, uma flor.

E quando descalça andava pelo piso frio da casa, andando de lá pra cá, sem sono e com uma sede absoluta, sede de vento e de pureza. Mas de uma coisa ela tinha certeza, esperava nunca mais ser impregnada pela ignorância com que chegara àquele lugar, eu a via com toda clareza, como uma porta, adepta de uma sinceridade inadequada para aquele lugar. Hoje, ela aprendeu a ser cega, surda e muda. Enquanto a noite cai ela curte as aulas de Elzira Divina Perpétua.

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