segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Desabafo

E eu tenho me cansado... Cansada de tanta barbarie e conflitos que permeiam minha vã consciência .
Os dias passados e ociosos me deixaram exausta, não quis pensar em nada, nem mesmo nos prazeres da carne...... Então ocorreu que meu espírito ou alma - já não sei do que se trata - vagava pelos cantos dessa cidade enquanto eu dormia profundamente. Pelas manhãs me olhava no espelho e percebia as inúmeras almas que já circundaram meu corpo. Também vi, ainda em frente ao espelho, os mais variados conceitos de moral que já habitaram meu travesseiro às meias noites.
Já não posso explicar minha própria auto-analise, e mesmo que eu tentasse um esboço qualquer, isso não faria sentido a nenhum leitor.
Faz tempo que não consigo ver nos olhos dos meus amigos aquilo que eles querem dizer mais não conseguem; e isso prova o quanto devo estar cega, mas egoísmo é outra coisa. Hoje em dia divido até Yakult.
Fatigada, porém utópica, penso na única utilidade das novelas da Globo, e tento identificar-me com algum personagem: Movimento vão, não dá! Os conflitos em nada se parecem com os meus e as lágrimas daquele povo se chamam "Moura Brasil". Novamente em vão, tento me encontrar nos seriados ingleses ou norte-americanos. Inútil, o capital de giro daquele povo é bem maior do que o do meu país.
No fim, eu quero o que todos querem, abdicar-me de minha covardia e fortalecer minha honra, mas o que é honra mesmo? Encontro a solução: Camuflagem social e respeito à procissão- que está passando nessa rua - de um santo, em decorrência do feriado municipal.

domingo, 17 de abril de 2011

Pão nosso de três dias

Chegava, e com ela a sensação de não pertencer ao ali. Tudo tão nebuloso, como em um sonho, ela acreditava piamente que só estava ali de passagem; e que nada daquilo era para ser vivido, pelo menos por ela... quanto aos outros, que se entregassem, que se esbaldassem e que se perdessem naquele sodomismo. E o que sempre lhe adjetivava... menina fresca, menina fresca. Pra tudo ela corria, para atender o telefone, comer, subir, descer, ouvir, só não corria para dormir e para sonhar. Algumas noites atrás, teve um dos piores sonhos, seu inconsciente havia processado tudo ao contrário, ou será que a sua realidade estava do avesso? Sonhou com o infortúnio delírio de ser amigável ao ser mais ordinário da face da terra. Não conseguia despertar, caiu da cama num ato desesperado e por misericórdia de deus. O que mais lhe repugnava era com certeza o desejo que alguns animais cultivavam e insistiam cultivar por ela. Um desejo sujo de carne e sangue.
Entrava e com ela a vontade de sair dali (ali aonde leitor?). Um universo paralelo ao seu, um tom desatinado comparado ao seu, - porque ela ouvia as vozes roucas no interior daqueles seres hipócritas - cheios dos outros e vazios de si. Naquela noite, detestou os bandos,de todas as tribos, odiou a repressão da individualidade e o medo que carregavam de estar sós, da necessiidade que os moviam: estar cercados de gentes o tempo inteiro e todo.
E na manhã seguinte, deu-se de cara com o espelho e também não se reconheceu, queria ter visto uma outra imagem, dela sem tinta e sem metais faciais, mas sabia que isso era tão impossível quanto lhe ter de volta. Voltou para a cama, mas sentiu como se estivesse no chão. Rolou três vezes - o canto da parede incomodava, não conseguia respirar bem; o lado do criado era inseguro, poderia cair dali; voltou ao canto da parede a adormeceu no tempo do quarto carneiro.
Acordaram, o sol e ela, a janela escancarada e um sol de rachar, tinha que partir pra vida, para a sua e para a dos outros. O dia só tinha onze horas, onze horas para entrar no universo alheio, comer,mastigar, digerir, engasgar. Poucas horas para passar conteúdo, dar aula, ver aula, mastigar e digerir aula. Tomar banho, lavar a alma, suar o corpo, pegar peso. Deu-se ao fim quatorze horas no final.
Alguns atos diários deveriam ser vomitados, então a menina
vomitou três vezes ao dia , na primeira vento, na segunda terror e na terceira um pedido obrigatório de misericódia!

quinta-feira, 24 de março de 2011

sábado, 5 de março de 2011

texto da multipolaridade

Nossa quanto tempo hein! seis seguidores já são alguma coisa, principalmente os meus, que cultivam opiniões mais elevadas! Bem hoje resolvi psicografar um pouco... Estou cansada dessas concordâncias gramaticais - Primeiro que eu odeio esse editor de texto, ele mata toda a minha criatividade e é por isso que não ando escrevendo aqui, nesse lugar. Ando mais fútil que a miss Campos dos Goytacazes.... sim, eu ando.... Sinceramente esse meu tempo que fiquei de férias, me deixou muito burra. Andei assistindo muita TV, e agora, por ora, as únicas coisas que consigo comentar e deixar que meu cérebro processe, são as coisas da Televisão Brasileira: quem dos meus seguidores se interessará por esses assuntos? Lê? Talvez ele se interesse, não sei.

Ando cultivando meu tempo com coisas demasiadamente juvenis e adolescentes, foram as coisas que pude me ater nesses três anos, ops, três meses na minha cidade natal. E que cidade! que bosque central maravilhoso.... mas não dava, nesse tempo que passei, ficar olhando somente para árvores... e foi assim que eu comecei a notá-los! Bons corações, boas frases feitas, desestruturadíssimas famílias( do ponto de vista fecal)....
Pois bem, eu descobri o que meu mim, ou meu eu, tinham que se identificavam com aquela juventude. A famosa juventude sexta e sábado que se referia #Os Novos Baianos, que é assim:

Segunda já estou na praça
Você na terça, você na terça, na taça enrustida
Eu numa quarta de farinha
E você amarradinha nas cinzas

Eu numa quinta de boas vistas
E você brotas de quinta,
Brotas de quinta numa sexta
Sábado deu 8, 9, 10, cansado...

E você domingo comigo...

É.... vou sentir falta dessas almas, eu fui parte delas por três meses, as vezes não fazendo o que elas faziam, mas compartilhando e acompanhando bem de perto as suas aflições.

O pecado é uma chave indispensável ao curioso....




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Desistência acadêmica, breves, muito breves esclarecimentos

A Paixão segundo G.H... quando debrucei sobre esse romance durante as últimas duas férias, - não encontrei nada que certificasse a mim. O começo da leitura foi seguindo de forma rápida, sem interrupções. Só parava para comer porque a mãe me chamava ansiosamente. Lembro-me que fiz minha mãe ler o romance para discutir comigo, mas a leitura dela era muito mais fluída do que a minha...
Era uma tal de Clarice por todos os cantos... Nem a personagem Virgínia me impressionou. Falta de sensibilidade? Talvez

Deixando a febre ichaessiana de lado, resolvi arriscar às escrituras de Fiodór, russo, nato e mestre. Fui, como quem deseja encontrar prosas mais do que românticas, e com uma sede seca de leitor que caça por notas que expressem muito mais do que ideogramas.
Quando conheci Natalia Vasilevna,ela já havia morrido, e seu eterno marido não a deixava descansar em seu túmulo, nele ela virava e se revirava, até sua filha Lisa se mudar para o lado da mãe - metaforando uma imensa tragédia. Tudo era tão polifônico, todas as vozes, dos mortos e dos vivos, coexistiam. Sem herói, sem mocinho, tanto Veltchaninov como Pavlovitch, tanto Raskólinikov e os outros tantos kovs tinham o pleno direito de argumentarem suas vozes em pé de igualdade. Por causa dessas vozes a sociedade era mais perceptível, os pontos de vista eram mais claros, e eu finalmente conseguia tolerar os roncos da companheira de quarto.

Foram por esses e outros motivos que desisti das psicanaliticas obras de Clarice; tudo isso era demasiado forte para mim. Não teria a mínima competência neuropsicológica.

Excesso de sensibilidade?

Talvez...

domingo, 24 de outubro de 2010

Antes do "nada" tomar conta.

No fundo Deus quer que o homem desobedeça. Desobedecer é procurar - V.Hugo